Despertando

No aroma do café matinal é que, de fato, desperto para um novo dia.
Curioso como algumas coisas passam a fazer parte da vida da gente, não é? Durante uns bons anos não pensei muito sobre o café que tínhamos na casa de meus pais todas as manhãs, desde a longínqua época em que nas casas das minhas avós eu via o fruto sendo torrado e depois moído antes de ser "passado no coador de pano". Cheguei mesmo a fazer uma troca por achocolatado durante um breve período.
Depois de casados, eu e minha esposa ficamos sem ele por alguns meses, afirmando que não fazíamos questão, até que sentimos a ausência de algo em nossas manhãs e concluímos admirados que era do café, que retornou à nossa mesa com o auxílio de uma cafeteira. Os anos se passaram, a cafeteira quebrou e assumi o prazer de forjar a bebida sem ela, todas as manhãs, moldando aos poucos o rito que hoje vigora a cada alvorecer.
Enquanto as silhuetas de vapor se desprendem da mistura de pó e água e impregnam nossa cozinha, uma serenidade invade meu ser por meio do aroma e assegura um misto de bem estar e de prontidão. Só depois vem o primeiro gole, que põe de vez o cérebro para funcionar. Em seguida, é a vez da mistura com leite.
Invariavelmente trocamos os primeiros diálogos do dia enquanto sorvemos aqueles goles, abordando assuntos diversos, que vão desde comentários sobre a noite mal (ou bem) dormida às decisões familiares mais complexas. Assim, à mesa, naqueles poucos minutos regados pelo cafezinho, ingressamos na rotina diária, seja inverno ou qualquer outra estação.
Penso que a maioria das pessoas comece o dia de forma parecida, uma vez que se trata de bebida tradicional em nosso País. Alguns, por necessidade, apenas colocam seu café na garrafa para beber no ambiente de trabalho ao longo da manhã. Claro, alguns que podem preferem uma cafeteria com variações, creme e coisa e tal.
Não sou conhecedor do assunto, sou apenas apreciador, com moderação, mas também aprendi a gostar das variedades da bebida, como uma chamada Feirantino®, servida gelada, muito apreciada pelas nossas crianças, talvez pela proximidade com um sorvete. 
Sem falsa modéstia, contudo, não troco o meu por outro; não por ser melhor, é que, além de tudo, nasce naquele ritual matutino, familiar e aconchegante, e talvez me dê a sensação fugaz de que poderei realmente controlar tudo o que há por fazer no dia que se inicia.
Depois, no início da tarde, dou-me o prazer de apenas uma outra xícara, isso se estiver trabalhando, porque em casa raramente o tomo depois da manhã, a não ser em ocasiões específicas, como ao receber visitas.
É ainda curioso ver como o café se faz presente a qualquer hora, triste ou alegre, basta lembrar que é servido em velórios, nascimentos, formaturas, jogos, e outras tantas ocasiões.
Eu não sei como é a sua rotina, mas acredito que o café entre nela em algum momento. Falando nisso... aceita um cafezinho?

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