Deslizes de um formando adolescente. (Parte I)


Às vezes sentimos como se o tempo não tivesse passado, de tão nítidas perduram algumas lembranças. Outras, não se sabe o porquê, perdem-se. Não por serem menos relevantes, mas escapam e são difíceis de recuperar. Paciência, vão-se as espinhas e vêm as rugas, e mesmo da roupa velha sempre sobram alguns retalhos.
Depois do acidente com o braço que relatei, parece que o resto do ano de 1985, como se diz, voou. Lembro-me, contudo, que com muitas dificuldades e ajuda de nossos pais e de pessoas da sociedade local, nossa turma da Oitava Série do Colégio Estadual Professor João Farias da Costa teve uma cerimônia de formatura em Nova Cantu-PR, em dezembro de 1985. Coisa simples: missa, cerimônia e um modesto coquetel.
As recordações me veem um pouco confusas, enfraquecidas, e consigo lembrar apenas de alguns fatos, além dos que as imagens registram, talvez por serem comuns em tais ocasiões: o desconforto de ser obrigado a usar uma roupa mais formal, a ansiedade, as dúvidas quanto ao futuro e a alegria de finalizar uma etapa.
Eu e a Rosângela
Eu e a Iria
Boa parte das amizades feitas no ano anterior e naquele estava lá: a Rosângela, com quem eu conversava muito e que foi também participante no episódio da "Aventura ígnea"; a Iria, cuja mãe tão carinhosamente havia nos acolhido em nossa chegada, quase dois anos antes; os irmãos Bueno, com os quais estive muito próximo naquele ano; o Gringo (Gaspar), o Davi Gulka, o Edimilson Kracieski, a Ângela Fontana e a Liliana, as duas amigas sempre "grudadas", e tantos outros que figuram na foto oficial ou não. Nessa fase, quase todos frequentávamos a piscina do clube local, marcante opção de lazer que garantia um tom de pele bem diferente do original.  
Rita Lee no Rock in Rio 1985: UOL.
Evidentemente também estavam presentes os mestres. Entre eles a Professora D.  Deuselina, que sempre me emprestava livros, muitos livros. Também a Professora D. Lourdes, de matemática, que eu achava parecida com a Rita Lee (?), mas jamais lhe falei isso, é claro. A Diretora, D. Florinda, que sempre apoiava nossas peripécias esportivas. Acredito que os outros, especialmente os que mencionem antes, também estivessem, mas não me lembro e nem tenho registro.
Naquela ocasião, foram tiradas algumas fotografias minhas ao lado de umas pessoas, mas não tirei nenhuma com tantas outras importantes naquele momento. Não sei se foi falta de orientação ou pelo preço, afinal, fotografias não eram como hoje tiradas às centenas, para não dizer milhares... Elas, contudo, têm um poder magnífico de nos transportar ao passado e suprir as dificuldades cerebrais para se reter os acontecimentos. O especial é que congelam os fatos e tudo o mais fica por nossa conta, no exercício saboroso de relembrar... e rir de si mesmo! Vamos lá?
Na missa: fiquei, como se diz, com uma cara de quem ia pegar um leão à unha, de tão assustado na entrada...  

Eu pegando o "canudo": dá para imaginar um moleque mais atrapalhado, sem saber qual mão utilizar? Coitado do Sr. que foi entregar. Se teve ensaio "não sei, só sei que foi assim", como se diz no Auto da Compadecida.



Minha mãe: eu abraçava ou tentava segurar o diploma?

Ao receber os cumprimentos do meu pai: parece que simplesmente o ignorei, de tão preocupado eu estava com a câmera fotográfica. Que despreparo do guri! E ele todo orgulhoso...
A cereja no bolo: eu como orador. Para começar, dobrei a manga da camisa. Está certo que usar aquilo era um suplício para mim, porém a dobra não caía bem na ocasião. Mas o pior: pensem num discurso enfadonho! Tinha uma coitada lá trás olhando para o teto! Que pena dela...

Comentários

Anônimo disse…
Ééé... Sr. Wellington, somos sempre esse rememorar, que muitas vezes nos faz pensar, pensar que algumas coisas poderiam ser diferentes, mas porque deveriam? Não sei. Talvez pela forma matemática em que fomos criados e doutrinariamente forçados a seguir. Contudo, lembranças são gotas homeopáticas que nos fazem sermos mais vivos aos acontecimentos presentes (para aqueles que pensam - rsrsrs). Grande abraço, amigo e compadre.

Nadimir Quadros
Lulude disse…
Quanta modéstia, Wellington!!!!!
Se tiver estômago... É muito gostoso compartilhar com vc de suas lembranças, principalmente, pela forma como vc as descreve. No entanto, devido à correria diária, nem sempre dá tempo de deixar um comentário. Mas, eu continuo acompanhando seu blog, ok?!
Um grande abraço.
Liliana Sobieray disse…
Pra quem também viveu tudo isso é BEM GOSTOSO relembrar... Adorei a foto do quadro, não sei onde está o meu... Bateu a saudade (outra vez)!!!