Não é porque completei 40 anos agora em janeiro, mas acredito sinceramente que manter o meu passado vivo na lembrança é uma forma de estar consciente da totalidade do meu ser.
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Meu pai (Oscar). Ag.Resende Costa |
Meu pai aposentou-se como bancário e foi gerente de agência durante um bom tempo, o que fez com que mudássemos constantemente de cidade, até os meus quinze anos, quando fixamos residência em Maringá.
Dias atrás, veio-me a ideia de, aproveitando a maravilha que é a internet, procurar no
Google Earth locais onde morei. Encontrei dois, bem distantes de Maringá: Resende Costa e Lagoa Dourada, ambas cidades mineiras, próximas a São João Del Rei-MG.
A mudança para Minas foi difícil. Meu pai perdera a mãe há pouco tempo e a perspectiva de ficar longe dos pais não era muito animadora para a minha mãe. Mas, enfim, tínhamos que comer e lá fomos nós, de raízes paranaenses, desbravar as Gerais.
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Rua Central (na época) Resende Costa |
Estranhamos muito no começo. Os hábitos, a arquitetura, o solo, o clima, e, é claro, o "jeitim" mineiro de falar. Contudo, não tenho dúvidas de que morar em Minas foi fantástico para minha formação. Sempre fui muito tímido, e até mesmo medroso, quando era moleque e passar a infância lá contribuiu para que eu adquirisse autoconfiança.
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Minha mãe (Antonia) e meu irmão (Luciano) |
Em Resende Costa, vivemos do segundo semestre de 1979 ao final de 1980, quando eu tinha oito e nove anos de idade. Ali estudei no
Grupo Escolar Assis Resende, brinquei de bola na rua, curti as Olimpíadas de 1980 (Moscou).
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Senhora lavando roupa na "laje". |
Nós morávamos perto da
laje, acho que a menor (a cidade fica sobre uma enorme rocha), num sobrado alugado, que ficava próximo da Delegacia de Polícia. A "laje" em si é um espetáculo, dá uma visão magnífica da região. Permite literalmente contemplar toda a beleza local. Como era bom brincar ali. Inventávamos de tudo: "pique-esconde", fantasmas, tudo que a imaginação infantil permitia.
Naquela época, o abastecimento de água era complicado. Por isso, as senhoras da redondeza, quando percebiam que ia chover, limpavam uns buracos que havia na "laje". Depois, com a água da chuva limpinha, lavavam a roupa. Não foi uma e nem duas vezes, que nós moleques limpamos alguns daqueles buracos, mas com outra intenção: brincar na piscina improvisada. Bom, é verdade, que algumas vezes não limpamos não.
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Marinho (à esq.), eu (de costas) e Luciano (meu irm., à dir.) |
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Eu tinha também um amigo chamado Paulo (Paulinho), filho de uma senhora chamada Estela. Sempre brincávamos de bola no terraço da casa deles e, depois, a sua mãe nos chamava para o lanche da tarde, invariavelmente acompanhado de deliciosos biscoitos de polvilho. Os biscoitos mais gostosos que provei na vida.
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Da esq. para a dir.: Marinho, um outro vizinho, Paulinho e Eu |
Eu e meu irmão fizemos amizade com uma família muito simples, vizinha nossa, e nela havia um menino, mais velho, chamado Marinho. Certa vez ele convidou-nos para, com ele e seu pai, buscarmos uma fruta de nome
gabiroba, num pasto que havia nas redondezas. Disseram que era logo ali. Devidamente autorizamos pela nossa mãe, fomos. Andamos, andamos, andamos, até que encontramos a tal fruta, que eu e meu irmão não conhecíamos. Chupamos umas tantas, pegamos um punhado na camiseta e retornamos. Chegamos, depois da longa caminhada pelo pasto, e encontramos nossa mãe, desesperada. Ela nem sequer quiz saber da meia dúzia de frutas que trouxemos e foi logo perguntanto o porquê da demora: "Vocês não disseram que era logo ali?" Era. Mas, naquele dia, aprendemos que o "ali" mineiro é meio diferente do "ali" paranaense.
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Meu pai, autoridades e o Mons.Nelson, na Agência |
Pelo Google Earth, consegui rever alguns outros locais de Resende Costa, como a
Igreja Matriz. Legal. O Pároco, na época, era um senhor de personalidade forte, o Monsenhor Nelson, que fazia tremer o chão quando passava perto da molecada. Pelo que pesquisei, virou nome de um ginásio poliesportivo. Merecida homenagem a um homem que dedicou a vida à comunidade local, o que é confirmado pela
Paróquia Nossa Senhora da Penha de França.
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Cartão de Boas Festas oferecido pela Administração Municipal na época. |
De lá, mudamos para Lagoa Dourada, distante talvez uns trinta ou quarenta minutos de carro. O curioso é que naquela época, tudo parecia tão difícil que, apesar de serem perto as duas cidades, nem me lembro se retornamos a Resende Costa nos três anos em que vivemos em Lagoa Dourada, onde estudei numa escola sobre a qual tive uma grande surpresa, que contarei num próximo
post.
Comentários
É o Paulinho, seu amigo de infância, lá de Resende Costa.
Que alegria ter notícias sua depois de tanto tempo.
Muito legal seu blog.Entre em contato.
Um grande abraço e fique com Deus.