A furadeira


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Eu ouvi um barulho de furadeira no meio da madrugada, mas o torpor do repouso impediu-me, num primeiro instante, perceber do que se tratava. Recuperada a consciência, dei-me conta de que era apenas o Bolt na sala. Sim, o Bolt, roncando num "tom" que eu ainda não conhecia. Virei de lado e dormi novamente. Tranquilo. Isso ocorre por causa do focinho achatado da raça dele.
Há um ano eu nem imaginaria tal cena. E nem há mais ou menos dez meses atrás, quando ele chegou, da forma que eu já relatei antes aqui no Blog em "Atingidos por um raio". Exatamente em 9 de junho nosso amiguinho completou um ano de vida.
No período em que está conosco aprendemos muito acerca dos cães e, um pouco, sobre pessoas também.
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Passei a infância com uma curta convivência com cães, como disse naquela outra ocasião, por isso tenho muito o que aprender ainda. O fato é que nosso amiguinho foi chegando, conquistando-nos e mostrando a razão de muitos preferirem a amizade dos cães à dos humanos, não que isso seja meu caso, pois felizmente tenho amigos que me fazem preferir o equilíbrio, no qual uma coisa não é excludente da outra e ambas se complementam.
Na simplicidade (e aperto) de nossa casa, por causa do frio que fez em meados de agosto de 2011, nós, de "coração mole", acabamos consentido que o Bolt passasse de vez para dentro. E ele tomou conta, escolhendo um lugar para dormir. Apostávamos que seria próximo do quarto das crianças. Mera ilusão. Escolheu dormir na sala, próximo da suíte, por isso o ronco ecoa no nosso quarto. Não reclamo. Apenas dou risada da Leila, que não suportava o ronco que eu tinha antes de sair dos meus antigos 92 kg de peso e agora tem que "engolir" o do Bolt.
Nos dias difíceis (e quem não os tem?), ele chega demonstrando alegria e me faz mudar o foco do pensamento. Em poucos minutos, estou inteiro de novo.
De manhã, ele acordava primeiro do que todos e corria aos pés da cama, fazia barulho. Agora, com a maturidade, dificilmente nos acorda. Aguarda pacientemente que eu e a Leila levantemos e, aí sim, se não estiver muito frio, vem nos saudar, na esperança de ganhar os agradinhos da manhã: um pedacinho de pão ou de fruta. E fica ali, enquanto adotamos as providências necessárias para o dia deslanchar.
Não sei se foi o acaso, mas o Bolt desmistificou muito do que falam dos machos, ao menos até aqui, exceto pela compulsão de levar vez ou outra algum calçado para sua cama, "furtar" uma meia enquanto trocamos de roupa e coisas do gênero. O fato é que ele tem sido muito companheiro e dócil. Vejamos agora que a maturidade chega, até porque fizemos a opção por não castrá-lo.
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Sobre as pessoas, a gente aprende a observar as reações. Alguns chegam e torcem o nariz logo de cara, criando uma barreira, que procuramos respeitar. Outros tentam resistir, mas se rendem à simpatia. Muitos, mas muitos mesmo, que gostam de cães e identificam um bem amistoso e amigo, dão a atenção que ele pede e logo em seguida recebem sua dose de sossego. Ele quer apenas ser cumprimentado. Curioso, não? Não parece conosco, quando queremos apenas ser percebidos?
Nossos filhos... Bem... Eles ainda não perderam o encantamento. Rolam, correm, dão risada. Gosto de viver esses momentos para garantir que eles façam eco no futuro. Na ordem natural da vida e com a graça de Deus, daqui a alguns anos, eles crescerão, seguirão o próprio caminho e o nosso amiguinho, velhinho, talvez fique comigo e a Leila, como em tantas outras famílias já aconteceu. Mas isso é história para daqui mais alguns anos.

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