Valores


No rádio e na televisão Gonzaguinha nos brindava com "O que é, O que é?", que muitas vezes cantarolávamos ao lado do campo, no Estádio de Lagoa Dourada-MG. Mas eu não estava acostumado com aquele espaço todo. O tamanho da bola também era muito diferente. Para um guri que estava acostumado a jogar no antigo pátio de terra do "Angelina Medrado", jogar futebol de campo era um sonho... Que virou suplício. Acima de tudo, devo reconhecer, eu nunca tive talento para o futebol. E o treinador tinha um jeitão que não ajudava lá muito. Talvez fossem os berros, talvez os palavrões, duas coisas que eu não tinha na minha casa. As derrotas e os fracassos no esporte praticado na juventude, contudo, forjam o caráter que se prepara para vencer na vida. Imagino que fosse isso o que motivava meu pai a colaborar, mesmo sabendo que o filho dele não tinha talento para jogar. Valeu a pena.
Depois disso, joguei handebol, futebol de salão e outros esportes que, enfim, ajudaram muito na minha socialização.  O tempo passou e tornei-me um vencedor na vida: aprendi valores e uma profissão e fui abençoado com uma mulher e dois filhos maravilhosos.
Os anos passaram... E lá estou exatamente no mesmo papel de meu pai, que agora repete a dose com o neto. A cada jogo de futsal do João Pedro, a vontade de ganhar e o desejo de vê-lo sair-se bem na partida acelera o coração. Felizmente, o treinador dele, Wagner Fragoso, é muito amigo dos meninos, que reconhecem sua autoridade e o respeitam pela forma como ele respeita a todos. Nós pais sabemos que nossos filhos estão em boas mãos, como pudemos constatar na 1ª COPA CARLOS DÉMIA DE FUTSAL, que a equipe Sub-8 (integrada pelo João Pedro) conquistou a 1ª colocação. Sobretudo, por mais que tenhamos desejo de vitória, reconhecemos que há muito mais do que um título por trás dos joguinhos. Sabemos que ali se moldam homens de bem.
Nesse sentido, penso preocupado na sociedade que prega cada vez mais o "amor" livre e descompromissado com a educação dos frutos que busca se impor nos dias atuais.
Aliviado, também vejo luzes,  pois a responsabilidade civil dos pais pelos atos dos filhos igualmente tem atuado como uma instância protetora da sociedade, a mesma que prega a liberdade quase como sinônimo de "libertinagem" e que tem aberto mão de outras instâncias como a religião, a família, e a de valores como honestidade, honra, respeito ao outro, amizade. Prova disso é que recentemente um pai foi condenado a indenizar dano moral e material em função da agressão praticada pelo seu filho adolescente que, durante uma partida de futsal, quebrou o nariz de outro adolescente com uma cotovelada proposital, conforme decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Não conheço os envolvidos e sei que podem ser pessoas de bem, porém precisamos de mais decisões corajosas como esta que lembre aos pais sua obrigação de serem pais, afinal "Somos nós que fazemos a vida Como der, ou puder, ou quiser..."
Nossos "campeões"
Wagner Fragoso, o técnico.

Vilmar, artilheiro.





Arthur, o goleiro menos vazado.






Comentários

Nadimir Quadros disse…
Assim, como uma ostra somente pode dar pérolas porque guarda o que recebe dentro de sí, da mesma forma formamos pérolas somente se nossos filhos estiverem dentro de nós, e se todos estiveram dentro da família. Mas há quem diga que a ostra seja egoísta e que tenha para ela própria apenas aquilo que ama. Uma diferença que temos em relação as ostras é que permitimos que as nossas pérolas estejam sempre prontas para as avaliações da vida, seja em qualquer idade, pois nunca é cedo para se colocar em prática o que se aprende dentro de casa, nunca é cedo para brilhar. Afinal, não se coloca uma lampada debaixo da cama, pois ela deve iluminar toda a casa. Da mesma forma são nossos filhos.
Isso caro compadre. É muito confortador saber que alguém compartilha meus devaneios. Um forte abraço.