Passos de jabuti

Os reveses da vida impedem-me de escrever com a frequência que gostaria, ao menos para manter a proximidade do contato com aqueles que me honram com a passagem pelo blog. Ainda bem que tenho notícias de muitos pelo Facebook. Como é bom ter, ainda que na rede, notícias.
Outro dia caminhava eu pelo supermercado, quando recebi uma mensagem pelo celular. Alguns dirão "de novo supermercado?", mas no mundo atual quem se preocupa minimamente naquilo que se transforma (e agente se transforma naquilo que ingere sim) vai mais vezes ao mercado, à quitanda, etc., porque o que é bom de verdade deteriora mais rapidamente, pois não tem conservantes e outros "antes" que estão por aí.
Voltando ao celular, a mensagem dizia: "É menina!!" Minhas mãos ficaram trêmulas de emoção. Meu irmão anunciava que seria pai de outra menina, a fazer dupla com a Isadora, minha sobrinha e afilhada. Quando cheguei à Leila, meu porto seguro, no outro corredor, as lágrimas correram.
Depois,  pus-me a pensar: "Como é bom a facilidade de comunicação!" Apesar de tudo que há por aí, sendo comunicado de forma errada, deturpada, é muito bom poder se comunicar com os seus tão rapidamente.
Saindo do mercado, ouvia o Padre Reginaldo Manzotti e ele recebia uma ligação de uma moça que o acompanha todos os dias da Suíça, via aplicativo no iPhone. Suíça, em tempo real.
Apesar de toda a facilidade de comunicação atual, ainda temos pessoas que não querem se comunicar. Preferem se esconder atrás de uma couraça de argumentos evasivos, frios e apressados, repetidos de uma ou outra fonte apócrifa, a dar a chance ao seu interlocutor de, ao menos, expor os motivos de seu convencimento e da sua discordância.
Infelizmente, todos convivemos com pessoas assim. No desconhecimento da profundidade do assunto, apelam para a alternativa mais pífia e sufocam a voz discordante, calando-a. É mais fácil e mais rápido e quando assim se age, não se precisa olhar para os olhos do outro e para dentro de si mesmo e nem perguntar se, de fato, o posicionamento externado, está correto à luz dos argumentos contrários.
Não precisamos pensar da mesma forma. Porém, com toda a facilidade de comunicação atual, é urgente que saibamos conviver com as diferenças, mas saibamos também ouvir.
Do contrário, seremos apenas uns rebeldes a favor de uma causa supostamente da moda, desprezando a maturidade e a experiência e esquecendo-se de que passos de jabuti também levam à longevidade.

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