Esquecimento

O Natal aproxima-se sem nos perguntar se percebemos isso ou não. Vai chegando em meio à correria de todas as profissões, afinal, nesse período, além do forte apelo comercial, ocorrem também as férias e as substituições de cargos e funções, as transferências de funcionários e todo o tipo de mudanças nas instituições.  Tudo fica agitado com as fofocas nos corredores e as novas perspectivas. Para uns, o descanso merecido. Para outros, carga extra de trabalho a fim de compensar a ausência dos que descansam. Para muitos, o fim daquele trabalho temporário sem a concretização da anunciada contratação definitiva. As crianças entram de férias, o que obriga a elaborar uma série de programas específicos, sob pena de "enlouquecer". Os jovens estão angustiados com a proximidade dos vestibulares. O fato é que os dias passam voando e muitos não se dão conta da magnitude do momento que chega.
Substituído pelo velho barbudo de vermelho, o Aniversariante é desprezado por muitas famílias nessa correria de idas e vindas ao comércio. Esquece-se que o feriado tem razão de ser porque um homem fez-se fraco o bastante para se tornar o mais forte dos homens. A razão de ser do "feriado" está no nascimento de Jesus, Verdadeiro Deus e verdadeiro homem ou, como disse o saudoso João Paulo II, “Rosto humano de Deus, rosto Divino do homem”.
Os pais "modernos", preocupados com o futuro, ensinam quase tudo aos filhos, mas se esquecem de dizer uma coisa tão simples: Natal é o aniversário de Jesus. Não se trata de uma data exata. Muito além da precisão, vale a designação pela importância do Aniversariante, se não por outros motivos igualmente relevantes, ao menos pela história da evolução da humanidade. Num resumo tão simples, ensinou que a felicidade é fazer aos outros o que se deseja para si mesmo.
Só por isso mereceria o Aniversariante um pouco mais de consideração e uma breve alusão à sua Pessoa antes das comilanças e bebedeiras. Nem isso se faz. As reuniões (de família ou de amigos) tornam-se apenas a confirmação da nossa necessidade enquanto seres sociais. Ora, se não se dá o crédito devido à data, seja por qual motivo for (por ter outra ou nenhuma crença, sei lá); se não se julga importante ir à Igreja ainda que seja na noite da véspera, seria mais autêntico recolher-se no mesmo horário de todos os dias e almoçar no 25 de Dezembro de forma mais sóbria.
A Verdade ainda não chegou plenamente aos corações dos humanos, apesar de nascida há tantos anos. Fica-se tateando no escuro, tentando fugir das guerras, da fome, das doenças, da morte, das desavenças familiares e de todos os tipos de problemas. Culpa-se a história e alguns cristãos que erraram (e ainda erram, pois são seres humanos em evolução) para se esquecer que Jesus Cristo, o Emanuel, o Deus Conosco, nasceu. E nasceu na periferia para ensinar a "olhar" e fazer algo pelos mais fracos, ou melhor, pelas fraquezas, dos outros e nossas.

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