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Certa propaganda televisiva de automóvel chamou-me a atenção quanto ao tema de mudança de opinião. Considerando que é veiculada na grande mídia nacional, desnecessário detalhar o que nela se passa. Atenho-me unicamente à ideia sobre mudar de opinião. Fiquei pensando e logo descobri alguns conceitos/atitudes em relação aos quais passei a concordar ou aderir após longo ou breve período de discordância. Refleti um pouco e não vi nisso nenhum mal, desde que a reflexão tenha sido séria a ponto de convencer-me do contrário do que eu inicialmente pensava. Não vale se for uma mudança ao sabor do vento, de qualquer jeito e que não reflita um sincero desejo de "evoluir". Afinal, não é isso que se espera de nós pensantes?
Na época do "colegial", eu até gostava das aulas de educação física, mas me chateavam os treinos de corrida. Era uma obrigação imposta que não me agradava e não me estimulava a nada, a não ser, evidentemente, assegurar a média. Talvez a chateação fosse causada pela necessidade de aceitar um ritmo repentinamente superior ao que me cômodo. Paralelamente a isso, preprava-me também para um concurso que, ao final, não obtive êxito em passar, por outros motivos que não físicos.
Passaram-se os anos e pela necessidade de emagrecer comecei a caminhar, vindo a comentar o fato com um colega de trabalho, que profetizou: "Você vai correr".
De pronto, a minha resposta foi: "Não, obrigado. Não gosto e não é do meu feitio. Além disso, há o risco de lesão, que não estou disposto a "correr"!". Ele disse-me: "Olha, correr é a consequência de se caminhar e adquirir condicionamento. A gente só não voa pela impossibilidade física. Você vai ver."
Adquiri uma "fasceíte plantar", ou seja, uma inflamação na sola do pé que causava-me uma dor terrível, inclusive à noite enquanto dormia. Tratei a moléstia, mas desanimei e fiquei sem caminhar um ano e meio.
Como a balança tornou-se minha inimiga, e também por imposição do meu cardiologista tive, que retomar as caminhadas. Para a minha surpresa, fui fazendo as pazes com a balança e, à medida que deixava de lado o tão mal falado sedentarismo, não é que foi me dando uma vontadezinha de aumentar o rítimo? Coisa pouca, que era para não ser incoerente com minhas lembranças e opiniões anteriores.
Ao final, a caminhada, que era a recomendação de fato do médico, já não me satisfazia mais. Sentia-me tão bem ao concluir o percurso... Durante o trajeto podia colocar as ideias em ordem, esquecer os problemas profissionais, familiares, etc.
Coincidentemente, iniciei trabalho de musculação e adquiri gosto pela Revista Runner's World Brasil. Ferrou-se a minha antiga opinião. Eu precisava correr. Sentia a necessidade disso. E fui.
Agora, para dar a continuidade e ter motivação para nunca mais voltar ao sedentarismo, após correr a Prova Rústica Tiradentes (Maringá-PR), de 10 km, decidi  buscar um novo desafio: correr uma meia maratona.
Loucura, pois, se a Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Maratona) define a maratona como "a mais longa, desgastante e uma das mais difíceis e emocionantes provas do atletismo olímpico", "disputada na distância de 42.195 m (42,195 km) desde 1908", abraçar a metade disso (em termos redondos 21 km), ainda que seja apenas pela participação em si, é insano.
Ficarei feliz se conseguir completar a distância um dia. E contente, por saber que há coisas ainda mais insanas, tais como o triatlo "Ironman" e as ultramaratonas. Coisas de loucos. Será?

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