Algo em comum

Em fins de julho, assisti ao filme "Um Sonho Possível", que rendeu o Prêmio Oscar 2010 à atriz Sandra Bullock. Diverti-me anteriormente com outros trabalhos dela e, polêmicas à parte quanto à vida particular da artista, vale a pena assistir à película, não só pela diversão, mas porque o filme conta uma história real que mexe com alguns valores nossos e com nosso modo de encarar certas situações.
Paralelamento a isso, lembro-me que se completam dois anos de separação da minha Vovó Conceição. A serenidade com que ela enfrentou seus derradeiros momentos físicos na UTI ainda ecoa em minha mente com impressionante nitidez. Grande exemplo de mãe, esposa e avó.
De seus grandes feitos, um muito me intriga e põe em dúvida toda a minha capacidade de amar e de fazer a diferença na vida de alguém: teve coragem de adotar definitivamente dois seres humanos, embora na prática tenha adotado muito mais que esses dois.
Numa sociedade em que hoje são gastos horrores em salões de beleza e festas de aniversário para cachorro é doloroso pensar (e eu nem sequer tenho cachorro) na minha incapacidade de ter a iniciativa de minha avó.
Há um o ponto de contato nítido entre a personagem vivida por Sandra no filme e a biografia da Vó Conceição, um ponto em comum entre duas mulheres de classes sociais e culturas tão diferentes: ambas viram além das aparências e deixaram os seus corações falarem mais alto do que todas as lógicas dominantes.
Se ousássemos fazer o que de Deus ecoa  no íntimo de nossas consciências, certamente deixaríamos um mundo melhor, como fizeram aquelas duas mulheres.
À minha avó rendo não só as homenagens de "neto coruja", mas também de integrante de uma humanidade sabedor de que ela fez muito além da parte que lhe tocava, muitas e muitas vezes incompreendida no seu amor incondicional e, ainda, sem recursos financeiros. 
Ah, como ela sorria e me abraçava quando eu a chamava de Vózona...
Valeu Vózona!!!!

Comentários

Domaneschi disse…
Oi Wellington...há muito eu não chorava. Fiquei insensível? não!, a vida tem me feito ficar meio racional. Tenho uma responsabilidade que envolve milhares de seres, somando-se às suas famílias este número se quadruplica. Mais hoje chorei...que saudade de ver aquele olhar amoroso e a alegria de quando estávamos reunidos em família. Um abraço, um grande beijo extensivo à Leila, JP e Isabela.