Coisa de meninos

A embalagem dos cards
 Os da minha idade vão se lembrar e os um pouco mais novos também. Começou, ao menos para mim, por volta do ano de 1978 e durou até 1980 ou 1981. Fizesse sol ou chuva, lá íamos nós para cima e para baixo carregando os maços delas, presas com elásticos de amarrar dinheiro. As figurinhas da Coleção Futebol Cards Ping Pong eram confeccionadas em papel tipo cartão. E eram grandes. Numa época longínqua sem internet, traziam, além da foto do atleta, curiosidades e informações sobre a sua vida, títulos, clubes pelos quais passaram e coisas do gênero. 
Quando nos mudamos do Paraná para Minas Gerais, eu e meu irmão levamos muitas delas conosco e a ânsia dos moleques por aquelas figurinhas era a mesma nos dois Estados. Fazia-se de tudo para aumentar a quantidade e qualidade das figurinhas da coleção, mesmo repetidas. Elevar a quantidade permitia maior poder de oferta em caso de troca, ou seja, você mandava várias repetidas por uma inédita na sua coleção.Valia tudo para ter mais figurinhas. Trocávamos por brinquedos ou outras quinquilarias que não nos interessavam mais, jogávamos o "bafo" (difícil por causa da espessura do papel e do tamanho das figurinhas) e, quando tínhamos acesso a uns trocados, comprávamos mesmo, na esperança de encontrar as mais difíceis e melhorar a qualidade da coleção, como, por exemplo, o goleiro João Leite, do Atlético/MG, ou do Jogador Nelinho, do Cruzeiro/MG, este de um chute tão potente que jogou a bola para fora do Estádio Mineirão, que eram raras na nossa roda de amigos.
Quando comprávamos, era uma satisfação sentir o cheiro do chiclete que acompanhava as figurinhas ao tempo em que retirávamos um papel protetor finíssimo na expectativa de encontrar alguma inétida.
Nós chegávamos a confeccionar uma espécie de "falsificação" grosseira, recortando o uniforme de um outro atleta para colar sobre a estampa de um jogador que havia trocado de clube, tudo para ter (e passar) a sensação de que havíamos alcançado a novidade, ainda que efêmera, já que nenhum guri se deixava enganar por muito tempo. Um exemplo disso era o atleta Eder (Aleixo), que havia sido fotografado com a camisa do Grêmio de Porto Alegre/RS e passou a jogar pelo Atlético/MG. Fiz algumas cirurgias para tentar montar uma figurinha razoável dele em seu novo clube, até porque lá em Minas eu torcia pelo Galo...
Com o passar dos anos fomos nos desinteressando, perdendo, jogando fora e ficamos sem nenhuma para mostrar para os filhos.
Por sorte, revirando a web, encontrei um site muito legal, o Coleção Futebol Cards Ping Pong, que prova que as tais figurinhas causaram um impacto profundo nos moleques daquela época, tanto que alguns, hoje senhores como eu, ainda guardam e trocam pela rede mundial figurinhas e outras informações e relíquias da tal Coleção. Incrível, mas há até mesmo oferta para compra/venda, inclusive em outros locais.
A "figurinha" do PC
Nós tínhamos também um sonho evidente, que era sair numa figurinha daquelas como os craques que admirávamos, mas esse sonho também abandonei pelo caminho e não tenho notícia de que nenhum dos meus amigos chegou a realizar. O mais próximo que vi de alcançar a façanha foi meu concunhado, o Paulo César, um cara muito legal que por si só já é, com o perdão do trocadilho, uma "figura". Num torneio de futebol suiço de um antigo empregador, ele teve a honra de sair como outros funcionários numa figurinha promocional de uma campanha promovida pela empresa. Futebol mesmo, para falar a verdade, eu não sei se ele tem, mas que saiu na figurinha saiu...


Comentários

Luciano disse…
Simplesmente S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L.!
Tive até a impressão de sentir o cheirinho do chiclete que acompanhava as figuras. Eu sou testemunha do quanto essa febre foi marcante pra nós. Realmente é uma pena não termos guardado nenhuma de recordação. Grande abraço
Anônimo disse…
Ah, ia me esquecendo, a "figurinha" do PC também foi sensacional! HeHeHe...
Luciano disse…
Foi mal, o anônimo anterior sou Eu. falha técnica.