Ainda restam alguns segundos

Os sonhos de uma vida inteira fulminados por um simples cadarço de tênis. Em mais uma notícia horrível, nosso livre arbítrio é posto à prova. A ínfima importância de R$ 2 mil reais serve como pano de fundo para mais uma insensatez.
Porque não evoluímos? O gosto amargo da dor que sobe à boca depois que o estômago é obrigado a assimilar outra morte de um ser humano indefeso coloca-me novamente essa questão. A cada dia impressiona-me mais a incapacidade do ser humano refletir as consequências de suas ações e, principalmente, exercer adequadamente o livre arbítrio, optando pelo que é certo. Até quando? Até quando ficaremos tateando no escuro, se a Luz já veio até nós. 
Menos de um segundo basta para se pensar no que é importante de fato e permitir imperar autodomínio. Mas o ser humano não tem esse tempo e opta por fazer o que é triste e de resultados tão duradouros. Menos de um segundo basta para que o que era já não seja mais. Tantos exemplos. Trafega-se em alta velocidade e mata-se o indefeso. Na ânsia de fazer valer a própria e fantasiosa verdade, agride-se a outra. Pega-se o telefone e despeja-se o ódio irracional e fantasioso do que não existe sobre alguém. Usa-se criança indefesa como escudo. Aperta-se o cadarço. E pronto: está feito.
E o resto da vida? Precisamos pensar o passado e ver um pouco mais o futuro. Isso, precisamos saborear o futuro com uma perspectiva de felicidade com aquilo que temos. Quem sabe assim possamos perdoar e ser perdoados? Quem sabe assim valorizemos nosso trabalho (mesmo que seja humilde), nossa casa (ainda que seja simples), nossa esposa (ou marido), nossos filhos e filhas, nossos irmãos e irmãs, nossos sobrinhos, nossos pais, nossa...nosso...???
Vamos fazer isso logo, pois ainda restam alguns segundos.

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