Linha de chegada

Cruzar a linha de chegada causou uma emoção indescritível. O barulho das pessoas incentivando, a euforia causada pela entrega dos prêmios àqueles que, merecidamente, alcançaram os primeiros lugares, tudo por um instante parou no tempo quando passei pelo tapete, ainda temeroso de que o "chip" pudesse falhar e não registrar o tempo. Coisa de principiante.
Há mais de um ano e meio e cerca de dezoito quilos mais gordo, era improvável que me passasse pela cabeça participar de uma prova rústica. Pesava-me o corpo e a mente insistia em dizer não a atividades físicas. Pesava-me igualmente a consciência, a todo o momento bombardeada por mensagens para deixar o sedentarismo e emagrecer.
Um conjunto de fatores me fez tomar coragem e ir adiante na empreitada, apesar de muitos (inclusive meu cardiologista!) duvidarem que conseguiria, pois tamanha é a dificuldade de se reverter um processo mental e físico equivocado. Entre esses fatores, a ânsia de assegurar a saúde para ter mais disposição em brincar e me divertir com meus filhos antes que eles cresçam.
Sem me preocupar muito com o tempo, combinei que correria junto com um amigo do trabalho, o Gilmar, cuja prática esportiva preferida é a do tênis, mas que gosta do clima das provas e, além disso, também corria para incentivar a esposa.
Havia me preparado sem "neuras", mas estava confiante que conseguiria, seguindo os conselhos do professor de musculação, o Léo, pessoa centrada e tranquila naquilo que faz, que me ajudou na preparação. Aliado à conversas com ele, valiosas dicas foram colhidas da revista Runner's World Brasil, excelente publicação do gênero, que vale como incentivo, informação e entretenimento.
E assim fomos...
Antes de completar os primeiros mil metros, pessoas já começaram a caminhar, vencidas pelo ritmo inicial exagerado e certamente pelo despreparo. Metáfora da vida, se vamos muito apressadamente, corremos o risco de não chegar...
À medida que avançávamos, foram aparecendo o primeiro quilômetro, a primeira subida e, finalmente, o primeiro ponto de hidratação. Desajeitado como qualquer principiante, saboreei aquele copinho de água como quem estivesse com muita sede, mas agora, de cabeça fria, tenho certeza que a garganta estava mais seca pelo clima e pela ansiedade que eu buscava controlar mentalmente.
Foi muito legal ver os conhecidos acenando e incentivando. A gente deixa de ser anônimo, para ser alguém, para ser destacado da multidão.
Ver a família ali, incentivando já nos metros finais, foi maravilhoso, ainda mais depois dos últimos acontecimentos que vivemos.
Obrigado Leila, esposa e mulher amada, que sempre acreditou que eu conseguirira.
Obrigado Senhor pela oportunidade que muitos não tiveram.

Comentários