Distração

Meu primeiro pão. Jan/2018
Meu primeiro pão. Jan/2018

O pão presente na mesa é algo que sempre me fascinou. Quando criança, lembro que durante um tempo tive a tarefa de ir à padaria em Resende Costa-MG logo cedo. Pegava o pão quentinho, saindo fumaça, e não via a hora de chegar em casa para devorar. Essa imagem ficou guardada em mim como memória de aconchego, família, fartura, tudo junto e misturado, como dizem hoje. Isso tudo aliado às vezes em que eu observava minha mãe fazendo pão em casa e ajudava com o cilindro, naquele ritual sem fim de girar a manivela. As pessoas que faziam pão para mim detinham um tipo de conhecimento que parecia inalcançável na minha cabeça de menino.
Durante o ano de 2016 a Netflix disponibilizou um documentário em forma de minissérie chamado Cooked, que a partir dos quatro elementos fundamentais da natureza (fogo, água, ar e terra) aborda a gastronomia. O episódio dedicado ao elemento "ar" trata da "ciência por trás do pão e do glúten". Nele, o escritor e jornalista Michael Pollan fez uma abordagem que de certa forma despertou algo que eu sentia, dizendo em que em certa medida fazer pão para ele foi algo intimidador por um tempo, mas que ele havia superado isso pelo prazer de comer o próprio pão.  
Contou também de um padeiro que se dedica a estudar um fermento chamado sourdough. Linguagem estranha que eu jamais ouvira, mas que achei muito interessante pelo conteúdo de sabor e saúde que agregava ao pão.
Algum tempo depois, já em fins de 2017, ouvi a Rita Lobo (site Panelinha) dizer algo em seu programa "Cozinha Prática" que se conectou na minha cabeça ao que foi dito na minissérie. Disse ela que cozinhar, ainda que seja o básico, é uma necessidade de qualquer pessoa e que se pode aprender tal como se aprende a ler e a escrever. 
Eu estava a procura de um hobby, alguma coisa para me distrair, e em 2018, sem saber direito cozinhar um ovo, peguei uma receita de pão da Rita e fui me aventurar. No primeiro, tomei uma invertida com as medidas de farinha e não fosse o socorro da minha mãe, a coisa teria desandado. Ficou meio remendado o coitado, mas dele não sobrou nada. Animei.
A partir dali, fui melhorando, evoluindo de receitas e de "equipamentos", até perceber que fazer pão já não representava mais nada tão intimidador, como também não era fazer meu arroz com feijão, algumas misturas e sobremesas.
 Certas pessoas não gostam de pão por um tempo ou por uma vida, outras têm intolerância grave ao glúten, mas para mim, que gosto e não tenho problemas desse tipo, foi algo fascinante poder aprender a fazer o meu próprio e descobrir que milhares de pessoas também têm essa satisfação e compartilham suas experiências. Não sou fanático ou estudioso, mas gosto demais dessa distração.
O tal fermento sourdough, contudo, ainda permanecia um mistério que deixei de investigar mais a fundo até 2019, mas isso é história para outro dia. 

Comentários

Mirian Maretti disse…
Bonito pão! É de fermentação natural?
Não. Esses todos são de fermento biológico seco. Sobre a fermentação natural, espero dizer em outro post. Obrigado pelo comentário.