Sem medo de levantar

A vida verdadeira se vive com humildade, a partir dos tombos que se leva. 
Desde a última vez que postei algo, muito tempo se passou. Sim, muito tempo, afinal, dois meses trazem uma carga de acontecimentos consideráveis, mesmo numa vida pacata como a minha, não?
Nesse período, tivemos as férias das crianças em julho, celebramos inúmeros acontecimentos na Igreja, acompanhamos as Olimpíadas, convivemos com morte, nascimento, reencontro...
Mas o que sobrou de assunto para contar aqui? Parece que nada... Acontece que a "boca" do Facebook é enorme e devora tudo com mais rapidez do que eu consigo postar no blog. Além de ser grande, ela não exige "mastigação" como o blog, que pede um mínimo de  esmero na escrita antes de publicar algo, consumindo preciosos minutos livres que às vezes não tenho.  Aí, na grande vantagem do negócio, isto é, na facilidade e informalidade de se passar o que se sente e o que se vive, aparece, com todo o respeito, um excesso de frivolidade que assusta quando pensamos no nível de alguns "Status", publicados na ânsia de se fazer ver. Por isso, não "assino" os "feeds de notícias" de todo mundo. Será que todos assinam? "Diga-me o que curte e compartilhas e direi que és!" já foi afirmado. Por fim, penso que algumas mentes vão se tornando preguiçosas para ler e até discordar, acostumadas que estão em VER. Não é preconceito de quem está ficando velho não. Mil vezes não! Admiro demais as novas tecnologias. Só me queixo dos excessos...
Para voltar ao que eu dizia no início, será que ficamos com alguma lição dessa Olimpíada? Poderíamos ter aprendido ao menos com o ouro do Arthur Zanetti, que chegou sem fazer alarde, na humildade e saiu vitorioso, sem levar nenhum "tombo", ao contrário de tantos outros atletas nacionais. Merecida foi também a vitória final das meninas no vôlei, que deram uma lição de como suportar a pressão e dar a volta por cima.
Na humildade também vem a morte corporal, uma vez que ela simplesmente existe, sem esperar reconhecimento e muito menos medo. São Francisco nos ensina isso de forma magnífica ao chamá-la "irmã" no "Cântico das Criaturas".  Quando menos se espera ela vem. Há pouco levou uma jovem mãe e esposa aqui de Maringá, lembrando a todos nós que estamos apenas de passagem e não podemos mesmo descuidar das oportunidades para amar.
Em contraposição, o nascimento igualmente pode vir de forma inesperada, com o da minha sobrinha Ellen Vitória, que aguardávamos para a quinta-feira e veio com toda a saúde antes, trazendo mais alegria ainda à nossa família. No seu nome carregará para sempre a recordação de um grande triunfo de seu pai.
Também alguns reencontros são inesperados. "Eu, meu marido e minha família estamos almoçando. Vou passar por aí à tarde." Assim, depois de um telefonema, em 31 de julho, vinte e seis anos depois, eu revi a Rosangela Bassegio, amiga da adolescência, de Nova Cantu-PR, de muitas risadas e de quando participamos juntos da Aventura ígnea.
 Também é inesperado um tombo, que pode mudar uma vida, como a de Saulo, que se transformou em Paulo a partir de um, caído de cavalo. Cavalo, aliás, é uma dos assuntos tratados num dos livros que li mês passado, "O homem que ouve cavalos", de Monty Roberts, cuja leitura recomendaram-me em 2006 e que só agora pude fazer. Ao longo da vida não tive muitas oportunidades de lidar com cavalos e se você é como eu, não se desanime, pois o livro é de uma sabedoria que vai muito além do trato e respeito com os animais.
Mas... e dois tombos? "Se um tombo incomoda muito a gente, dois tombos incomodam, incomodam muito mais"... e incomodaram tanto um cara chamado Eduardo Moreira e mudaram de tal forma sua maneira de ver a vida que ele escreveu um livro, "Encantadores de Vidas". Conheci a obra a partir de uma entrevista que peguei por acaso na televisão. A curiosidade sobre esse livro foi o que me motivou a ler antes "O homem que ouve cavalos", projeto adiado por tantos anos. Já ouvi que da mesma forma que precisamos de comida todos os dias, também precisamos sempre de motivação. "Encantadores de Vidas" motiva e comprova como é possível ver a vida a partir de um novo ângulo depois de um tombo. E não é olhando de baixo para cima... Se puderem, leiam, mas se o conteúdo lhes der algum tombo, não tenham medo de levantar.

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