Experiências

 Dias atrás, eu entrava no supermercado e, do nada, um cheiro qualquer invadiu-me. Não me pergunte qual. Só um aroma de entrada de supermercado. Nada de especial. Contudo, ele me transportou a um momento feliz, distante no tempo e no espaço. Talvez da minha infância, quando meu pai, minha mãe, eu e meu irmão Luciano íamos às compras dos itens essenciais, na felicidade de saber que pelos próximos dias teríamos novidades na despensa.
Engraçado, não é?  Um lugar comum, um momento inesperado e aqueles segundos de paz. Já aconteceu antes em outras situações. Nem sempre é um aroma. Pode ser um som, uma imagem, um sabor. Graças a Deus, sempre são sensações boas. Talvez você também já tenha passado por isso.
Não me lembro quando, mas em minha infância, num livro didático, li um texto em que um autor relatava isso com maestria. Ele dizia que sentira um aroma de cajá que lhe trouxera saudades da terra natal nordestina. Logo em seguida, chegava em uma lanchonete e pedia um refresco do tal cajá para matar a saudade, porém o atendente, sem saber o que era, perguntava: "De caju?" Durante muito tempo essa história ecoou em mim sem que eu soubesse se era verdade ou invenção literária a fruta, até que descobri e provei o picolé e o suco (de polpa congelada), embora in natura mesmo eu nunca tenha visto. 
Na animação Ratatouille (Disney, 2007), há uma cena chave magnífica em que o estranho personagem crítico gastronômico Anton Ego (Peter O'Toole) passa por uma experiência dessas, que o leva à infância e dá o desenlace inesperado à trama. Vale a pena ver ou rever. 
A ciência diz que não é possível apagar a memória. No máximo, conseguimos dar aos momento ruins uma nova interpretação, e até mesmo tirar proveito disso. Que bom! De qualquer forma, é muito melhor ter  boas experiências...

Comentários

Liliana Sobieray disse…
Texto com "cheiro" de saudade... Me acontece sempre também, é muito bom!!!