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Distração

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Meu primeiro pão. Jan/2018 O pão presente na mesa é algo que sempre me fascinou. Quando criança, lembro que durante um tempo tive a tarefa de ir à padaria em Resende Costa-MG logo cedo. Pegava o pão quentinho, saindo fumaça, e não via a hora de chegar em casa para devorar. Essa imagem ficou guardada em mim como memória de aconchego, família, fartura, tudo junto e misturado, como dizem hoje. Isso tudo aliado às vezes em que eu observava minha mãe fazendo pão em casa e ajudava com o cilindro, naquele ritual sem fim de girar a manivela. As pessoas que faziam pão para mim detinham um tipo de conhecimento que parecia inalcançável na minha cabeça de menino. Durante o ano de 2016 a Netflix disponibilizou um documentário em forma de minissérie chamado Cooked, que a partir dos quatro elementos fundamentais da natureza (fogo, água, ar e terra) aborda a gastronomia. O episódio dedicado ao elemento "ar" trata da "ciência por trás do pão e do glúten". Nele, o escritor e jornalis

Dois tucanos

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Foto de 1975: arquivo da família. Não lembro muitos detalhes da viagem, a não ser de um sol  de outono,  já fraco, algumas poucas cenas até São João Del Rei-MG e de outras ao chegar no Paraná. Eu me lembro da dor que sentíamos.  Antonio Domaneschi, já aposentado, partia naquele 27 de abril de 1983 sem nos deixar, eternizado que está nas memórias de todos que com ele convivemos, ouvimos suas histórias e vimos suas obras. Sobre suas atividades profissionais, sei muito pouco, exceto que foi lavrador, teve um pequeno comércio, trabalhou numa serraria e, pouco antes de se aposentar, numa loja de produtos relacionados a quadros e fotografias .  Adorava uma pescaria, especialmente naqueles tempos em que a vida ainda era abundante nos pequenos rios da região de Cruzeiro do Oeste e Cianorte, de onde consigo reter minhas memórias. Bastava uma leve subida de temperatura, o vô partia para o portão na esperança de que algum filho, genro ou amigo caridoso estivesse a fim de companhia para uma pescar

O lado oposto ao de fora

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" Das verdades que eu sabia só sobraram restos que eu não esqueci " (" Meu mundo e nada mais ", Guilherme Arantes ) Arquivo pessoal. Jan/2020. Dois anos. Dois anos afastado daqui.  Nesse período experimentei profundas mudanças na vida pessoal, encerrei ciclos, pus sob novas luzes valores antigos, vivi situações que afetaram profundamente minhas condições de aqui me expressar. Este espaço, desde a criação, sempre foi motivo para compartilhar minha vida, principalmente como fragmentos de memórias, coisas simples e limitadas, apenas percepções pessoais de um mundo particular, sem qualquer intenção de convencer quem quer que seja, servindo, quiçá, como uma lembrança aos meus filhos. Escrever aqui, contudo, a par da distração que me proporciona, força-me a olhar para o lado oposto ao de fora, remexer o que há escondido.  Nesses dois anos vislumbrava muito pouco a dizer, apenas a refletir.  Minha casa interior estava revirada e apesar dos móveis essenciais est